A minha mãe faleceu no dia 6 de Agosto de 2002. No entanto so se sente falta de alguém quando o tempo passa, que é quando nós precisamos mais dessa pessoa...
Por Ela vou transcrever alguns poemas que Ela gostava imenso!
Pássaro Cativo
Armas, num galho de árvore o alçapão...
e, em breve uma avezinha descuidada,
batendo as asas, cai na escravidão!
dás-lhe, entao, por esplêndida morada,
a gaiola doirada.
dás-lhe alpista, água fresca, ovos e tudo.
porque é que, tendo tudo, há-de ficar
o passarinho mudo,
arrepiado e triste sem cantar?
se os pássaros falassem,
talvez os teus ouvidos escutassem
este cativo pássaro dizer:
«não quero o teu alpista!
gosto mais do alimento que procura
na mata livre, onde voar me viste!
tenho água fresca num recanto escuro
do bosque em que nasci!
tenho frutos e flores,sem precisar de ti!
não quero a tua esplêndida gaiola,
pois nenhuma riqueza me consola
de ter perdido aquilo que perdi!
prefiro o ninho humilde, construído
de folhas secas, plácido e escondido
entre galhos de árvores amigas!
deixa-me! quero o sol,
quero o ar livre e o perfume da floresta!
com que direito à escravidão me obrigas?!
quero o esplendor da natureza em festa!
quero cantar as pompas de arrebol!
quero, ao cair da tarde,
soltar minhas tristíssimas cantigas!
porque me prendes? solta-me covarde!
naão me roubes a minha liberdade
queo voar! voar!»
essas coisas o pássaro diria,
se soubessem os pássaros falar
a tua alma, criança sentiria
essa imensa aflição:
e a tua mão, tremendo, lhe abriria
a porta da prisão.
Olavo Bilac
Se olhares
nos olhos da água
e na virgem floresta,
onde os pássaros
são catadupas de liberdade
e os ecos são gritos
de fuga de gentes,
corre!
corre!
e pára só, onde
o mundo for cheio.
olha entao
não a água do rio
mas os homens...
autor desconhecido
Poema
um dia talvez
eu enalteça a alegria
o amor e a beleza
de tudo quanto é puro.
um dia talvez
eu seja como tu
minha amiga
que passas na
a rir...
um dia talvez
eu encontre
todo o quê
que perdi um dia
em luta desigual...
um dia talvez.
num futuro distante
eu cesse de buscar
a razão das coisas...
um dia.
sim, um dia
que virá
porque eu o espero...
eu amo esse dia
que virá
talvez!...
autor desconhecido
Adolescência
como o fogo que mata
destruindo
como a água que afoga
consumindo
assim arde a adolescência
em água tumultuosas
debatendo-se.
é procuram é descoberta
é luto e desespero
são lágrimas que se vertem
sem saber.
é cálice de amargo sabor,
teste diabólico
beco sujo
cinzento dia.
é tudo e nada
são mãos vazias
dedos húmidos
e lábios cerrados.
é patamar
é maresia,
cheiro ocre
nudez bravia
é bom e mau
negro e branco
é criança
para homem
conduzindo!
autor desconhecido
Louca correria
gente que passa
que se cruza
que se olha
sem se ver.
gente que corre
num mundo a correr...
procuram algo
que não sente,
que não vêem
mas que adivinham
estar ao alcance
de suas mãos
procuram algo semelhante
com felicidade, carinho, amor...
correm mais agora
estendendo os braços
numa incontida ânsia
de encontrar
algo melhor.
mas no fim do caminho
apenas os espera
o ódio
a tristeza
a morte... e a dor.
Zé Fernando
Vês, ouves?
é a vida
essa vida que passa
e tu?
flor, folha?
morres? cais?
vês?!
sombras, gritos, dores
é a via
és tu!
gente!
és sombra, grito, dor...!
Guida
Quando nasci
ficou tudo como estava.
nem homens cortaram veias,
nem o sol escureceu,
nem houve estrelas a mais...
somente
esquecida das dores,
minha Mãe sorriu e agradeceu.
quando eu nasci,
nao houve nada de novo
senão eu.
as nuvens não se espantaram
não enlouquecem ninguém...
para que o dia fosse enorme,
bastava toda a ternura que olhava
nos olhos de minha mãe.
Dina
Por hoje chega de poemas... mas ainda faltam muitos mais.
por ti mãe hei-de escrevê-los, todos no meu coração!
Bjinhus Pastorinha
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